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Aliteração
Língua Portuguesa
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Postado por o_autor2019 em 21/05/2019 e atualizado pela última vez em 23/09/2020
A aliteração é uma das figuras de linguagem, precisamente das figuras de som, que atribui mais expressividade a linguagem escrita.
Em razão disso, a aliteração funciona como um recurso estilístico que caracteriza-se pela repetição dos fonemas consonantais.
De modo geral, as figuras de linguagem são efeitos linguísticos especiais utilizados para provocar diversas sensações no leitor durante o processo de leitura.
E, especificamente, no caso da aliteração o efeito linguístico especial é a sonoridade provocada com a repetição dos fonemas consonantais.
no caso da aliteração o efeito linguístico especial é a sonoridade provocada com a repetição dos fonemas consonantais.
Sabe-se que a matéria prima da língua escrita são as palavras. Elas estrategicamente são organizadas textualmente a fim de sugerir ideias ou sentimentos, ou até mesmo intensificá-los através do aspecto fonético. Para isso tem-se o uso da aliteração.
A aliteração, por se tratar de um recurso estilístico que atribui expressividade na língua escrita, é recorrente usada nos textos poéticos e nas letras das música.
recorrente usada nos textos poéticos e nas letras das música
Muitos escritores da literatura brasileira escreveram construções sintáticas utilizando-se da aliteração.
O poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade, integrante da segunda geração do Modernismo no Brasil, escreveu o “Poema da necessidade”. Leia abaixo o poema, observe as disposições das palavras e as repetições das consoantes e dos encontros consonantais:
É preciso casar João, é preciso suportar Antônio, é preciso odiar Melquíades, é preciso substituir nós todos. É preciso salvar o país, é preciso crer em Deus, é preciso pagar as dívidas, é preciso comprar um rádio, é preciso esquecer fulana. É preciso estudar volapuque, é preciso estar sempre bêbado, é preciso ler Baudelaire, é preciso colher as flores de que rezam velhos autores. É preciso viver com os homens, é preciso não assassiná-los , é preciso ter mãos pálidas e anunciar o FIM DO MUNDO.
É preciso casar João, é preciso suportar Antônio, é preciso odiar Melquíades, é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país, é preciso crer em Deus, é preciso pagar as dívidas, é preciso comprar um rádio, é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque, é preciso estar sempre bêbado, é preciso ler Baudelaire, é preciso colher as flores de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens, é preciso não assassiná-los , é preciso ter mãos pálidas e anunciar o FIM DO MUNDO.
Ufa! E aí? Viu quantas repetições da consoante “r” e dos encontros consonantais “pr”? Dessa forma, Drummond intensifica a ideia central do poema que são as ações que precisam ser tomadas, através da sonoridade das palavras estrategicamente usadas.
Outro exemplo do uso da aliteração foi na escrita poética de um dos precursores do Simbolismo no Brasil – João da Cruz e Sousa.
Ah! plangentes violões dormentes, mornos, Soluços ao luar, choros ao vento… Tristes perfis, os mais vagos contornos, Bocas murmurejantes de lamento. Noites de além, remotas, que eu recordo, Noites da solidão, noites remotas Que nos azuis da fantasia bordo, Vou constelando de visões ignotas. Sutis palpitações à luz da lua. Anseio dos momentos mais saudosos, Quando lá choram na deserta rua As cordas vivas dos violões chorosos. Quando os sons dos violões vão soluçando, Quando os sons dos violões nas cordas gemem, E vão dilacerando e deliciando, Rasgando as almas que nas sombras tremem. Harmonias que pungem, que laceram, Dedos nervosos e ágeis que percorrem Cordas e um mundo de dolências geram, Gemidos, prantos, que no espaço morrem… E sons soturnos, suspiradas mágoas, Mágoas amargas e melancolias, No sussurro monótono das águas, Noturnamente, entre remagens frias. Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. Tudo nas cordas dos violões ecoa E vibra e se contorce no ar, convulso… Tudo na noite, tudo clama e voa Sob a febril agitação de um pulso. Que esses violões nevoentos e tristonhos São ilhas de degredo atroz, funéreo, Para onde vão, fatigadas no sonho, Almas que se abismaram no mistério.
Ah! plangentes violões dormentes, mornos, Soluços ao luar, choros ao vento… Tristes perfis, os mais vagos contornos, Bocas murmurejantes de lamento. Noites de além, remotas, que eu recordo, Noites da solidão, noites remotas Que nos azuis da fantasia bordo, Vou constelando de visões ignotas.
Sutis palpitações à luz da lua. Anseio dos momentos mais saudosos, Quando lá choram na deserta rua As cordas vivas dos violões chorosos.
Quando os sons dos violões vão soluçando, Quando os sons dos violões nas cordas gemem, E vão dilacerando e deliciando, Rasgando as almas que nas sombras tremem.
Harmonias que pungem, que laceram, Dedos nervosos e ágeis que percorrem Cordas e um mundo de dolências geram, Gemidos, prantos, que no espaço morrem…
E sons soturnos, suspiradas mágoas, Mágoas amargas e melancolias, No sussurro monótono das águas, Noturnamente, entre remagens frias.
Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. Tudo nas cordas dos violões ecoa E vibra e se contorce no ar, convulso… Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso. Que esses violões nevoentos e tristonhos São ilhas de degredo atroz, funéreo, Para onde vão, fatigadas no sonho, Almas que se abismaram no mistério.
Pode-se destacar no poema “Violões que choram” que Cruz e Souza recorre à repetição consecutiva da consoante “v” na sétima estrofe. Possivelmente, em alusão ao fonema \v\ da palavra “violões”.
Assim, seria uma estratégia sonora para intensificar a palavra-chave “violões”.
Outra repetição consonantal é do “s” no quarto verso da terceira estrofe do poema – “As cordas vivas dos violões chorosos.” Nesse caso, o poeta preferiu fazer as repetições no final das palavras.
Foi ainda realizada as repetições consonantais do “t” e do “m”. Leia o poema abaixo e observe as repetições sinalizadas:
Nas composições musicais o uso da aliteração contribui para uma harmonização rítmica.
A letra da música “Eu sei que vou te amar”, de autoria dos compositores Tom Jobim e Vinicius de Moraes, apresenta sugestões fônicas passada pela aliteração. Veja:
Eu sei que vou te amar Por toda minha vida eu vou te amar Em cada despedida eu vou te amar Desesperadamente, eu vou te amar E cada verso meu será Pra te dizer que eu sei que vou te amar Por toda minha vida Eu sei que vou chorar A cada ausência tua eu vou chorar Mas cada volta tua há de apagar O que esta ausência tua me causou Eu sei que vou sofrer A eterna desventura de viver À espera de viver ao lado teu Por toda a minha vida A aliteração explora a sonoridade das palavras. (Foto: Shutterstock)
Eu sei que vou te amar Por toda minha vida eu vou te amar Em cada despedida eu vou te amar Desesperadamente, eu vou te amar E cada verso meu será Pra te dizer que eu sei que vou te amar Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar A cada ausência tua eu vou chorar Mas cada volta tua há de apagar O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer A eterna desventura de viver À espera de viver ao lado teu Por toda a minha vida
As figuras de som inserem-se nas figuras de linguagem atribuindo às palavras valor distintivo sonoro.
E além da aliteração tem-se ainda a assonância, paronomásia e onomatopeia que também são figuras de som.
De forma simples, leia abaixo o uso da aliteração em um dos famosos trava-língua:
“O rato roeu a roupa do rei de Roma”
Observe que nesse trava-língua ocorreu a repetição da consoante “r” cinco vezes.
Para que não haja confusão é importante destacar que a gramática da língua portuguesa faz a distinção entre aliteração e assonância. Pois, a assonância é especificamente a repetição dos sons vocálicos.
Leia abaixo o trecho da linda música “Linha do Equador” de composição dos cantores brasileiros Djavan e Caetano Veloso:
Essa desmesura de paixão É loucura do coração Minha foz do Iguaçu Pólo sul, meu azul Luz do sentimento nu
Agora, observe que ocorreu a repetição de dos encontros vocálicos “ão” no primeiro e no segundo verso. E também a repetição da vogal “u” no terceiro, quatro e quinto verso.
Leia abaixo sobre as demais figuras de som:
, . Aliteração; Guia Estudo. Disponível em
< https://www.guiaestudo.com.br/aliteracao >. Acesso em 24 de setembro de 2020 às 01:40.
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