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Soneto
Língua Portuguesa
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Postado por Filipe Oliveira em 03/07/2019 e atualizado pela última vez em 16/08/2019
Soneto é uma estrutura literária composta por 14 versos: dois quartetos (conjunto de quatro versos) e dois tercetos (conjunto de três versos). Acredita-se que o soneto tenha sido criado pelo poeta e humanista italiano Francesco Petrarca (1304-1374).
dois quartetos (conjunto de quatro versos) e dois tercetos (conjunto de três versos).
A palavra soneto surgiu do italiano “sonetto” e significa "pequeno som", em referência à sonoridade gerada pelos versos.
Antes de entender um pouco mais sobre soneto, é importante conhecer a definição de estrofe e verso, elementos fundamentais de um soneto.
Verso é a frase ou palavra que faz parte de cada linha de uma poesia. Já a estrofe é o conjunto de versos de uma das seções do poema.
Dessa forma, de acordo com a quantidade de versos que formam uma estrofe, elas são classificadas em:
Os sonetos podem ser classificados em dois tipos: soneto italiano e soneto inglês.
Os sonetos italianos são marcados pela presença de 14 versos que, na maioria das vezes, possuem dez sílabas poéticas, isto é, versos decassílabos ou alexandrinos. Esses versos são arrumados em duas quadras e dois tercetos.
As quadras são estrofes com quatro versos que, normalmente, aparecem com rimas alternadas (abab) ou opostas (abba).
Essas estrofes possuem três versos. Elas podem ter combinação de rimas obedecendo ao modelo de Dante Alighieri, em A Divina Comédia, com decassílabos em rima encadeada (aba-bdc-cdc…), onde o último verso terceto deve rimar com um verso final (xzx-z); podem ter combinações de rimas diferentes (aab-ccb, abc-abc, etc.); ou até mesmo aparecerem sem rimas.
Essas estrofes possuem três versos.
O soneto de Manuel Bandeira exibe a estrutura citada acima, duas quadras e dois tercetos. Confira:
Soneto Italiano Frescura das sereias e do orvalho, Dos brancos pés dos pequeninos, Voz das manhãs cantando pelos sinos, Rosa mais alta no mais alto galho: De quem me valerei, se não me valho De ti, que tens a chave dos destinos Em que arderam meus sonhos cristalinos Feitos cinzas que em pranto ao vento espalho? Também te vi chorar… Também sofreste A dor de verem secarem pela estrada As fontes da esperança… E não cedeste! Antes, pobre, despida e trespassada, Soubeste dar à vida, em que morreste, Tudo, — à vida, que nunca te deu nada!
Soneto Italiano
Frescura das sereias e do orvalho, Dos brancos pés dos pequeninos, Voz das manhãs cantando pelos sinos, Rosa mais alta no mais alto galho:
De quem me valerei, se não me valho De ti, que tens a chave dos destinos Em que arderam meus sonhos cristalinos Feitos cinzas que em pranto ao vento espalho?
Também te vi chorar… Também sofreste A dor de verem secarem pela estrada As fontes da esperança… E não cedeste!
Antes, pobre, despida e trespassada, Soubeste dar à vida, em que morreste, Tudo, — à vida, que nunca te deu nada!
Toda vez que um soneto tiver tercetos que combinem somente duas rimas, deverão obedecer ao esquema cdc-dcd. Observe o exemplo dos tercetos de Manuel Bandeira:
Toda vez que um soneto tiver tercetos que combinem somente duas rimas, deverão obedecer ao esquema cdc-dcd.
Também te vi chorar… Também sofreste (C) A dor de verem secarem pela estrada (D) As fontes da esperança… E não cedeste! (C) Antes, pobre, despida e trespassada, (D) Soubeste dar à vida, em que morreste, (C) Tudo, — à vida, que nunca te deu nada! (D)
Também te vi chorar… Também sofreste (C) A dor de verem secarem pela estrada (D) As fontes da esperança… E não cedeste! (C)
Antes, pobre, despida e trespassada, (D) Soubeste dar à vida, em que morreste, (C) Tudo, — à vida, que nunca te deu nada! (D)
Caso os tercetos tenham mais de três rimas, eles devem obedecer às combinações abaixo:
Exemplo:
Amar! Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui… além… Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente Amar! Amar! E não amar ninguém! Recordar? Esquecer? Indiferente!… Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente! Há uma Primavera em cada vida: (C) É preciso cantá-la assim florida, (C) Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! (D) E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada (E) Que seja a minha noite uma alvorada, (E) Que me saiba perder… pra me encontrar… (D) (Florbela Espanca)
Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui… além… Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!… Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida: (C) É preciso cantá-la assim florida, (C) Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! (D)
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada (E) Que seja a minha noite uma alvorada, (E) Que me saiba perder… pra me encontrar… (D) (Florbela Espanca)
Ser poeta Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! (C) Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim… (D) É condensar o mundo num só grito! (C) E é amar-te, assim, perdidamente… (E) É seres alma, e sangue, e vida em mim (D) E dizê-lo cantando a toda a gente! (E) (Florbela Espanca)
Ser poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito! (C) Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim… (D) É condensar o mundo num só grito! (C)
E é amar-te, assim, perdidamente… (E) É seres alma, e sangue, e vida em mim (D) E dizê-lo cantando a toda a gente! (E) (Florbela Espanca)
Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar me, e novas esquivanças; que não pode tirar me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho. Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho. Mas, conquanto não pode haver desgosto (C) onde esperança falta, lá me esconde (D) Amor um mal, que mata e não se vê. (E) Que dias há que n’alma me tem posto (C) um não sei quê, que nasce não sei onde, (D) vem não sei como, e dói não sei porquê. (E) (Luís de Camões)
Busque Amor novas artes, novo engenho, para matar me, e novas esquivanças; que não pode tirar me as esperanças, que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto (C) onde esperança falta, lá me esconde (D) Amor um mal, que mata e não se vê. (E)
Que dias há que n’alma me tem posto (C) um não sei quê, que nasce não sei onde, (D) vem não sei como, e dói não sei porquê. (E) (Luís de Camões)
Portanto, o soneto italiano deve ser planejado obedecendo a essas regras fixas.
Igualmente ao italiano, o soneto inglês também apresenta quatorze versos. No entanto, esse soneto apresenta três quadras e um dístico final. A combinação rítmica é feita seguindo as seguintes organizações:
o soneto inglês também apresenta quatorze versos.
Confira o exemplo abaixo:
Soneto Inglês No. 1 Quando a morte cerrar meus olhos duros (A) – Duros de tantos vãos padecimentos, (B) Que pensarão teus peitos imaturos (A) Da minha dor de todos os momentos? (B) Vejo-te agora alheia, e tão distante: (C) Mais que distante – isenta. E bem prevejo, (D) Desde já bem prevejo o exato instante (C) Em que de outro será não teu desejo, (D) Que o não terás, porém teu abandono, (E) Tua nudez! Um dia hei de ir embora (F) Adormecer no derradeiro sono. (E) Um dia chorarás… Que importa? Chora. (F) Então eu sentirei muito mais perto (G) De mim feliz, teu coração incerto. (G) Manuel Bandeira
Soneto Inglês No. 1
Quando a morte cerrar meus olhos duros (A) – Duros de tantos vãos padecimentos, (B) Que pensarão teus peitos imaturos (A) Da minha dor de todos os momentos? (B)
Vejo-te agora alheia, e tão distante: (C) Mais que distante – isenta. E bem prevejo, (D) Desde já bem prevejo o exato instante (C) Em que de outro será não teu desejo, (D)
Que o não terás, porém teu abandono, (E) Tua nudez! Um dia hei de ir embora (F) Adormecer no derradeiro sono. (E) Um dia chorarás… Que importa? Chora. (F)
Então eu sentirei muito mais perto (G) De mim feliz, teu coração incerto. (G) Manuel Bandeira
O soneto inglês é o mais usado atualmente. William Shakespeare produziu mais de 154 sonetos desse tipo.
Existem também os sonetos monostróficos. Esse tipo apresenta uma única estrofe, composta pelos 14 versos.
Oliveira, Filipe. Soneto; Guia Estudo. Disponível em
< https://www.guiaestudo.com.br/soneto >. Acesso em 12 de dezembro de 2019 às 11:07.
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